Porque quero que este meu espaço seja eclético, sempre que achar pertinente partilharei alguma coisa que me dê na cabeça!
Chamei a esta rubrica Life Bites, porque será mesmo isso: pedaços da minha vida, do que faço, vejo e gosto, para além dos meus tão adorados temas diretamente ligados à beleza!
Hoje vou então falar sobre um livro que li em Janeiro. Este post vai ser compriiiiiiido! Por isso, se não quiserem ler, eu compreendo. A sério!
Comprei o livro “A verdade sobre o caso Harry Quebert” no início
de Janeiro, comecei a lê-lo no próprio dia e desde então li um pouco todos os
dias (uns dias mais, outros menos) até terminar, oito dias depois!
Sinopse (contra-capa) |
Gostei da componente de investigação, mas tudo o que envolve a relação
amorosa entre Nola Kellergan (a rapariga de quinze anos que tinha desaparecido
e que 30 anos depois era encontrada morta) e Harry Quebert (um escritor de
sucesso, cuja vida era agora destruída pela acusação de homicídio da jovem) é
assente numa premissa de amor quase platónico e ingénuo (que já nem entre
pré-adolescentes aconteceria!, a não ser mesmo nos anos 70, onde se desenrola a
ação “passada” da história), quanto mais entre uma jovem de quinze anos e um
homem de trinta e quatro ….! De facto os diálogos e cartas entre eles, a par da
própria narração dos seus encontros e momentos juntos, chegam a ser ridículos de
tão repetitivos e ingénuos!!
Os pressupostos que fundamentam a história são, de facto intrigantes,
contudo, a meu ver, o autor perdeu-se um pouco ao repetir sistematicamente
algumas ideias, como é o caso da caracterização de algumas personagens,
transformando aquilo que penso eu que pretenderia constituir-se como uma
crítica a alguns esteriótipos da sociedade, num retrato exagerado e cómico até,
de tão leviano.
Essa repetição sistemática de ideias estende-se, igualmente, a aspetos e
descobertas feitas ao longo da investigação, insistindo-se em situações que
fazem o leitor perguntar-se se aquilo vai avançar. De repente lá surge
alguma coisa nova que nos faz acelerar a leitura, mas eis que, uma ou duas páginas
depois, se volta a andar ali às voltas a bater na(s) mesma(s) tecla(s), o que
se torna massador para o leitor.
No fundo, ao autor poderia ter dito (ou escrito, vá) a história para aí em
dois terços das páginas que usou!
De qualquer forma, fica um reconhecimento pela complexidade que quis
imprimir à obra, em particular no que se refere à investigação de Goldman, em
si, cruzando as várias personagens suspeitas (que são quase todas, diga-se, por
razões mais ou menos lógicas) e o contributo das mesmas, com os respetivos
testemunhos, para o desfecho do caso. Isto não obstante o que referi atrás acerca da
repetição de ideias também nesta dimensão da história.
Ilustração da capa |
Mesmo sabendo quem era o assassino, acho que ao ler a obra não
desconfiaria dessa personagem, a não ser já muito próxima do final do livro,
quando se dá a reviravolta que conduz ao deslindar do caso. Contudo, não sei
bem porquê mas sempre tive a intuição de que se teria tratado de um crime
passional. Mas não. Foi mesmo porque a pobre moça assistiu a um crime e ia
denunciá-lo. E mais não digo, para não arruinar a expetativa de quem esteja
interessado em ler a obra.
Como li nesta crítica http://www.ruadebaixo.com/a-verdade-sobre-o-caso-harry-quebert-joel-dicker-25-09-2013.html, há que dar algum crédito à obra porque constitui-se realmente como " ... um puzzle imenso de géneros e visões literárias: uma história policial, uma falsa biografia, um guia para aspirantes a escritor, uma sátira ao mundo editorial (...)", sendo "... um livro dentro de muitos livros (...)"!
De um modo geral, não achei uma obra-prima, contudo vale sempre a pena ler,
mais não seja para aprender umas palavrinhas novas (“aquiescer”, “manear”, “calcorrear”
soam bem, não? :p).
E é isto!!
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