sábado, 8 de fevereiro de 2014

Life Bites - Crítica ao livro "A verdade sobre o caso Harry Quebert"

Porque quero que este meu espaço seja eclético, sempre que achar pertinente partilharei alguma coisa que me dê na cabeça!

Chamei a esta rubrica Life Bites, porque será mesmo isso: pedaços da minha vida, do que faço, vejo e gosto, para além dos meus tão adorados temas diretamente ligados à beleza!

Hoje vou então falar sobre um livro que li em Janeiro. Este post vai ser compriiiiiiido! Por isso, se não quiserem ler, eu compreendo. A sério!  

Comprei o livro A verdade sobre o caso Harry Quebert” no início de Janeiro, comecei a lê-lo no próprio dia e desde então li um pouco todos os dias (uns dias mais, outros menos) até terminar, oito dias depois!
Capa e contra-capa

    No mês de Dezembro, a obra foi publicitada na televisão (foi aí que tive conhecimento da sua existência) e os “ingredientes" salientados no spot publicitário (um desaparecimento, que depois se veio a verificar crime, um homem na busca da prova da inocência do se mentor e amigo no caso), bem como a lista de prémios e críticas favoráveis que colocaram a obra num pedestal pela Europa fora, despertaram em mim alguma curiosidade.

Sinopse (contra-capa)

    Mas antes que me precipitasse a comprá-lo, predispus-me a ler algumas críticas on line sobre o livro. Algumas apontavam-lhe uma genialidade fora de série; outras arrasavam-no completamente. Poucas foram as que li que fugiam a estes extremos. De qualquer forma, a minha curiosidade foi-se aguçando e fiquei com vontade de ler, vontade essa que quase caiu por terra quando numa dessas críticas, o seu autor teve a ideia brilhante de dizer quem era o assassino! (WTF?!? Ganda corta-mocas!! :/ ) Ainda assim, dirigi-me a uma livraria e li algumas páginas do livro, acabando por comprá-lo. Parti, então, para a leitura com curiosidade acerca dos contornos da história, mesmo já sabendo então quem era o assassino (spoiler!)

Excerto de uma crítica (contra-capa)

Gostei da componente de investigação, mas tudo o que envolve a relação amorosa entre Nola Kellergan (a rapariga de quinze anos que tinha desaparecido e que 30 anos depois era encontrada morta) e Harry Quebert (um escritor de sucesso, cuja vida era agora destruída pela acusação de homicídio da jovem) é assente numa premissa de amor quase platónico e ingénuo (que já nem entre pré-adolescentes aconteceria!, a não ser mesmo nos anos 70, onde se desenrola a ação “passada” da história), quanto mais entre uma jovem de quinze anos e um homem de trinta e quatro ….! De facto os diálogos e cartas entre eles, a par da própria narração dos seus encontros e momentos juntos, chegam a ser ridículos de tão repetitivos e ingénuos!!
Os pressupostos que fundamentam a história são, de facto intrigantes, contudo, a meu ver, o autor perdeu-se um pouco ao repetir sistematicamente algumas ideias, como é o caso da caracterização de algumas personagens, transformando aquilo que penso eu que pretenderia constituir-se como uma crítica a alguns esteriótipos da sociedade, num retrato exagerado e cómico até, de tão leviano.
Essa repetição sistemática de ideias estende-se, igualmente, a aspetos e descobertas feitas ao longo da investigação, insistindo-se em situações que fazem o leitor perguntar-se se aquilo vai avançar. De repente lá surge alguma coisa nova que nos faz acelerar a leitura, mas eis que, uma ou duas páginas depois, se volta a andar ali às voltas a bater na(s) mesma(s) tecla(s), o que se torna massador para o leitor.
No fundo, ao autor poderia ter dito (ou escrito, vá) a história para aí em dois terços das páginas que usou!
De qualquer forma, fica um reconhecimento pela complexidade que quis imprimir à obra, em particular no que se refere à investigação de Goldman, em si, cruzando as várias personagens suspeitas (que são quase todas, diga-se, por razões mais ou menos lógicas) e o contributo das mesmas, com os respetivos testemunhos, para o desfecho do caso. Isto não obstante o que referi atrás acerca da repetição de ideias também nesta dimensão da história.

Ilustração da capa

Mesmo sabendo quem era o assassino, acho que ao ler a obra não desconfiaria dessa personagem, a não ser já muito próxima do final do livro, quando se dá a reviravolta que conduz ao deslindar do caso. Contudo, não sei bem porquê mas sempre tive a intuição de que se teria tratado de um crime passional. Mas não. Foi mesmo porque a pobre moça assistiu a um crime e ia denunciá-lo. E mais não digo, para não arruinar a expetativa de quem esteja interessado em ler a obra.  

Como li nesta crítica http://www.ruadebaixo.com/a-verdade-sobre-o-caso-harry-quebert-joel-dicker-25-09-2013.html, há que dar algum crédito à obra porque constitui-se realmente como " ... um puzzle imenso de géneros e visões literárias: uma história policial, uma falsa biografia, um guia para aspirantes a escritor, uma sátira ao mundo editorial (...)", sendo "... um livro dentro de muitos livros (...)"!

De um modo geral, não achei uma obra-prima, contudo vale sempre a pena ler, mais não seja para aprender umas palavrinhas novas (“aquiescer”, “manear”, “calcorrear” soam bem, não? :p).


E é isto!!

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